Folha de S.Paulo – Ilustrada
15 de outubro de 2012

por Vanessa Barbara

Até onde eu sei, nenhuma emissora brasileira chegou a exibir os programas da “Nova”, franquia premiadíssima de documentários científicos exibida pela norte-americana PBS. (A principal inspiração é a “Horizon”, da BBC.)

Iniciada em 1974, a série tem 39 temporadas, embora cada programa seja visto como um documentário separado. Os assuntos pendem ao infinito: sonhos, tornados, genética, aquecimento global, inteligência de golfinhos, fusão nuclear.

O objetivo da série é abordar temas científicos de forma acessível, com clareza e ritmo narrativos.

Entre os títulos mais elogiados, “The Miracle of Life” (O milagre da vida), de 1983, trouxe imagens inéditas do desenvolvimento embrionário; “Musical Minds” (Mentes musicais), de 2009, foi baseado num livro do psiquiatra Oliver Sacks; e “The Elegant Universe” (O universo elegante), de 2003, abordou a teoria das supercordas.

“Nunca pensei em ‘Nova’ como uma série científica”, comentou seu idealizador, Michael Ambrosino, da produtora WGBH, de Boston. “Queria examinar o funcionamento do mundo, utilizando o processo de descobertas científicas como artifício narrativo para contar boas histórias. E aproveitar os cientistas talentosos que estavam à nossa volta em Harvard e no MIT.”

O nome da franquia foi retirado do conceito de supernova. Com o tempo – e carência de recursos –, surgiu um sentido adicional: o de um fenômeno que nasce com monumental estrondo e se desintegra de forma muito rápida. “Era assim a TV pública: conseguíamos arrecadar fundos por um ano ou dois, e então os recursos eram transferidos para algo novo, relegando o programa a um lugar frio e escuro”, brinca.

Fonte de referência (e polêmica) entre os físicos, “The Elegant Universe” ganhou um Emmy por sua tentativa de tornar concreto o abstrato, esclarecendo teorias complexas e tornando compreensível o improvável. Foi inspirado num livro de Brian Greene e une belos efeitos especiais a uma fotografia impressionante.

É nesse nível que se encontra um dos últimos episódios de “Nova”, exibido pela PBS em novembro passado: “The Fabric of the Cosmos” (O tecido do Cosmo), um conjunto de quatro capítulos sobre as últimas descobertas da física. Uma atualização do clássico “Cosmos”, de Carl Sagan.

Foi por meio deles que enfim entendi a teoria da relatividade, o salto quântico, a radiação cósmica de fundo e – mais ou menos – o bóson de Higgs. 

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Extras

“O Universo elegante” em DVD legendado, da Scientific American Brasil
https://www.lojaduetto.com.br/produtos/?idproduto=1238&action=info 

“The Fabric of the Cosmos” no YouTube, sem legendas:

– Episódio 1: What is Space
http://www.youtube.com/watch?v=CD5tBIqJU4U

– Episódio 2: Illusion of Time
http://www.youtube.com/watch?v=ppWV4UM-_LY 

– Episódio 3: Quantum Leap
http://www.youtube.com/watch?v=GRcpDlFnAQ0

– Episódio 4:  Universe or Multiverse
http://www.youtube.com/watch?v=PBf16YzWzew

– Sugestão de legenda em português para o segundo episódio:
Arquivo .srt

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Errata

Corrigi na versão acima a tradução que fiz do título da série, conforme me indicaram vários leitores por email. No texto original, optei pela forma literal porque sabia que a conotação de “fábrica” em português também incluía a de tecido, estrutura, mas devia é ter ido ver o título do livro em português, publicado pela Companhia das Letras:

O tecido do Cosmo
Trad. José Viegas Filho
2005

Fica então a correção: o nome traduzido da série seria “O tecido do Cosmo”, e não “A fábrica do Cosmo”.