A Hortaliça

www.hortifruti.org

Legume bom é legume morto
Edição #076, de 30 de janeiro de 2009.
"Enquanto você está aqui, sua casa pode estar pegando fogo."

hortalica@gmail.com
Contudo, não há motivo para pânico.

 

"Francis Scott e Zelda Fitzgerald voltaram pra casa, após uma tresloucada festa de réveillon. Era abril."
(Woody Allen)

 

EDITORIAL
 
Senhoras e senhores do Mandaqui,

Vizinhos e concidadãos,

Declaro aberto o simpósio de política externa que ora tem parte no Bar do Firmo, reunindo os principais embaixadores do Mandaqui n'além-mar, a saber: eu, o Emilio e mais dois ou três sujeitos que fixaram residência na grande metrópole, e que atendem pelo sobrenome Zumkeller. Alô alô, Stephanie, estamos aguardando seu relatório. Por favor, alguém acorde o bochófilo que cochilou na primeira fila e vamos arrumar melhor as cadeiras, já que as Senhoras da Capelinha não estão enxergando. Pois bem: estamos trazendo notícias da cidade grande, para que as gerações seguintes não tenham medo de seguir os nossos passos. É uma vida de grandes surpresas e descobertas, de constante troca de espelhinhos - isso sem falar em ter que atender o telefone, coisa que ainda não nos convencemos de ser mesmo necessário. Mas isso será discutido no simpósio de inverno, sob a rubrica "Secretária Eletrônica". O fato é que, depois de cinco meses de exílio voluntário, já era hora de enviar as novas do intercâmbio Mandaqui-Piauí, e estas são as principais conclusões a que chegamos, por enquanto:

Aqui ninguém sai de chapéu. As pessoas estacionam seus carros o dia todo, é o que elas fazem, os cachorros usam coleira e o farmacêutico também receita remédios para afta (o que é sempre uma boa notícia). Aqui quem sai correndo não é ladrão, só está fazendo cooper e tem todo o direito de. Há restaurantes mexicanos, indianos, japoneses e um supermercado de comida kosher. Há oftalmologistas, massagistas, lojas de ortopedia e videolocadoras de respeito. Eu nunca vi o carteiro, mas já comi chutney de manga e comprei um termômetro de carnes. O feijão parece que demora mais pra ficar pronto, a panqueca nunca fica tão boa. A rosácea é um fenômeno mais freqüente entre os jovens transeuntes, ao passo que há menos japoneses e mais gente acordada depois da meia-noite.

A preguiça de sair é inversamente proporcional à proximidade do mandaquiense aos centros etílicos de congraçamento social, ou seja, foi registrado um aumento de 66,78% na taxa de presença nativa nos eventos da comunidade estrangeira, com um índice 33% maior para permanências após as onze e meia, quando os coletivos do Terminal Santana param de servir à comunidade além-Voluntários. Aqui, pegar táxi não é certeza de falir no ano fiscal que se inicia. Pedir carona também não é algo tão absurdo. E mais: acordar longe do Mandaqui não é problema quando se tem um radinho de pilhas e um marido trocadilhesco, nota mental: não há lojinhas de 1,99 como as da Terra Natal. Objetos de plástico, patinhos de borracha, rodinhos de pia, pregadores de madeira e papa-bolinhas são históricas importações mandaquienses, ao passo que os itens mais sofisticados (timer digital, espátula de silicone, apetrechos de informática e azeite de garrafa) podem ser adquiridos apenas no perímetro da civilização. Há poucas lojas de sapato e ninguém tem a marca Pulma. Por outro lado, há uma satisfatória oferta de bichos mortos cozidos, saladas prontas e demais itens de necessidade básica.

Por aqui, ainda precisamos militar pela utilização dos pijamas em horário comercial.



:: O TRABALHO DOS EDITORES ::
O vermelho e o negro, Stendhal, edição dos cossacos

Julien achou que teria sido mais natural chamá-lo de homem dos coletes. Pegou o papel e escreveu bastante.

(Aqui o autor teria apreciado colocar uma página de reticências. Isso não teria a menor graça, disse o editor, e, num escrito tão frívolo, perder a graça é morrer.)



:: NO CARDÁPIO BILÍNGUE ::
do nosso hotel em Parati

Café-da-manhã
Ovos mexidos (moved eggs)



:: O JUÍZO DO ANO ::
Crônicas imorais, Albino Forjaz de Sampaio, em 1908

O ano que começou ontem será um ano igual aos outros. Igual, sem tirar nem pôr. Haverá nele, como já houve o ano passado, como houve em todos os anos que passaram e como haverá em todos os anos que vierem, tolos que enriquecem e tolos que cavam pés de burro, asnos que se suicidam e anos que acham isto uma coisa óptima. Continuará a haver uma ignorância formidável da multidão dominada e uma patifaria criminosa da minoria dominante; continuará a haver homens cavalos e homens cavaleiros; sábios que são burros e burros que são sábios; muita maldade nas mulheres – a maldade nas mulheres é um pleonasmo! – e muita estultícia nos homens. Haverá cores para todos os gostos, acepipes para todos os paladares e partidos para todos os cidadãos. Não sucederá nada de novo, porque nada é novo debaixo do sol, diz a voz grave do velho Eclesiastes, um mágico que sabia muito mais da patifaria humana do que o snr. Civinini das mulheres que usam bigode e pêra.
(...)

Das finanças: “finanças se chama as rendas públicas quando Portugal está a finar-se”. É de Camilo o dito. Das finanças dizia eu... mas em finanças não sou muito forte. Adiante.

O ano literário... Continuará a haver literatura, literatos vulgares de Linneu, literatos abezelgados e chués, porque, irmãos caríssimos, “todo o homem tem em si uma porção de inépcia, que há de sair em prosa ou verso, em palavras ou obras, como o carnicão de um furúnculo”. Homens de gênio não haverá, mas em compensação abundosos se prognostica os homens de gênio mau ou de bom gênio, porque cada um é como o pai o fêz. A crítica continuará a ser como sempre: de mostarda, de manteiga, e de água e sal. E, tenho dito.

Quanto a ti, leitor molesto, eu não tiro o teu horóscopo nem te leio as ruins tenções de que porventura estejas cheio. Mas é sempre bom conversar, uma conversa de amigos velhos e inseparáveis. Não sei se és rico, se pobre, se alto, se baixo. Se rico, guarda a bolsa que não preciso dela; se pobre, tem paciência por que não te posso valer.

Dito isto, em verdade te digo que tens um ano diante de ti. Emprega-o bem. Lê a vida do bom Ricardo, regula as tuas digestões, não tenhas excessos e deita-te cedo. A isto se chama em bom português fazer pela vida.

Faze pois pela vida. Lembra-te que “os mortos caem facilmente no olvido”, como dizia Bürger na balada de Leonora, traduzida por esse tristonho Gerard de Nerval que se enforcou num candieiro da Rue Vieille-Lanterne, numa manhã gelada de janeiro em que um corvo, que parecia fugido ao “Never more”, de Poe, lhe crocitava satânico e lúgubre a sua elegia de tímido, de sonhador e de incompreendido. E quem hoje, no aniversário da sua morte, se lembra desse pobre Gerard, que trazia sempre os bolsos cheios de livros, como o Schaunard da Bohème, que traduziu Goethe e visitou o Oriente? Ah! É bem certo que “os mortos caem fácilmente no olvido!”.

Faze por ter dinheiro. O Dinheiro, além de ser tudo o que tu sabes, é ainda aquilo com que se compram os melões. Se o tiveres não o emprestes nem o dês. Se precisares não peças, porque ninguém te vale. Gritar é inútil também, para que não chames curiosos à tua desventura.

Prefere “um pássaro na mão a dois voando” e não te fies na Virgem. Porque se te fias na Virgem e não corres não tarda o fatal e bem merecido pontapé.


:: BONUS TRACK ::
ainda do senhor acima, que saiu de não sei onde

(...) E o peor mal de um homem é ser pobre. Ninguém lhe vale. Ser pobre é...

Não continuo porque um cavalheiro que está vendo o que eu escrevo, refila, em ar de resposta:

– “Mas há a Caridade. A Caridade, homem!”.

– “A Caridade? Ah, sim” – As misérias do próximo comovem muito a caridade de cada um. E eu, que também me vou tornando azedo como o senhor Silva Pinto, resmunguei e recordei-me. Devia ser uma caridade como a daquele barão da Falperra que o nosso Alfredo Mesquita conheceu: Um homem tão caridoso que, depois de ter ouvido um pobre contar-lhe as suas misérias, a ponto de o fazer chorar, chamava sempre o criado e, com a voz entrecortada de soluções, ordenava: – João, ponha esse homem no olho da rua; parte-se-me o coração de o ouvir...”.

E para os que lhe dissessem que ele lhe não dera nada, retorquia, que sim, que dera. Dera-lhe... atenção.


:: NA COPA DE 38 ::

Veneno Remédio, de Zé Miguel Wisnik

Tendo o jogo se concentrado então para Domingos da Guia num duelo pessoal com Piola, e tendo este passado por ele “mais uma vez”, Da Guia derrubou-o, Piola tirou um proveito histriônico do fato e Meazza converteu friamente o pênalti, “um instante antes de seu calção rasgado cair”.



:: EXCESSO DE VEÍCULOS CAUSA LENTIDÃO NAS PROXIMIDADES DO PAVILHÃO DO ANHEMBI ::
notícia elucidativa

Segundo a CET, é grande o movimento perto do Anhembi, zona norte de São Paulo, devido ao Salão do Automóvel.



:: FOLIA SATÂNICA ::
desconheço sinceramente a fonte

"Cardeal alerta para males da folia satânica"

Os comentários de ontem de dom Jaime de Barros na Rádio Vera Cruz versaram sobre o carnaval, que, segundo Sua Eminência, não constitui, em si
mesmo, ‘nem mal, nem bem’ e ‘por sua natureza, pertencente ao rol dos atos indiferentes’, se todos, ‘divertindo e brincando’, apenas ‘desopilassem
os fígados, matassem o tédio, alegrassem a existência, sem acarretar inconveniências e grosserias e, muito menos, pornografias e imoralidades’. A seguir, dom Jaime citou as estatísticas policiais para denunciar ‘a degradação a que se atiram os foliões’, que, por isso, enchem os postos de pronto-socorro, hospitais e prisões.(...) Por fim ressalvou Sua Eminência: ‘Não nos referimos aos foliões e dançarinos que se cansam para divertir

os outros, mas aos aproveitadores de ocasiões fáceis, aos exploradores da ingenuidade alheia. Famílias cristãs, olhai para vosso filhos e filhas’."


:: TRECHO DE SAMBA-ENREDO ::

"Que porra é essa?",
Exclamou o faraó


:: SUGESTÃO DA PLEBE ::

Nossos leitores, versados em eletrodinâmica quântica, enviaram o seguinte vídeo de Richard Feynman, ganhador do prêmio Nobel de Física de 1965. Nele, o renomado pensador toca bongô com seu melhor amigo:
http://www.youtube.com/watch?v=HKTSaezB4p8

Para ser assistido em conjunto com este aqui:
http://br.youtube.com/watch?v=lytxafTXg6c&feature=related


:: O CAMINHO ATÉ PARATI ::
é algo sempre frutífero, principalmente quando chega Ubatuba

- Cactolândia - Compra e venda de cactos
- O Rei do Mogno
- Fazemos serviço de ciborg
- Doutor dos Guinchos
- Uba Pão
- Proibido colher palmitos


:: OUVIDO NA RODOVIÁRIA ::
Apêndicedo Livro Amarelo

"Ô, cara de alface!"

:: MÁQUINA A VAPOR PARA A RÁPIDA CORREÇÃO DAS MENINAS E DOS MENINOS ::
Vigiar e punir, Foucault

Avisamos aos pais e mães, tios, tias, tutores, tutoras, diretores e diretoras de internatos e, de modo geral, todas as pessoas que tenham crianças preguiçosas, gulosas, indóceis, desobedientes, briguentas, mexeriqueiras, faladoras, sem religião ou que tenham qualquer outro defeito, que o senhor Bicho-Papão e a senhora Tralha-Velha acabaram de colocar em cada distrito da cidade de Paris uma máquina semelhante à representada nesta gravura e recebem diariamente em seus estabelecimentos, de meio-dia às duas horas, crianças que precisem ser corrigidas. Os senhores Lobisomem, Carvoeiro Rotomago e Come-sem-Fome e as senhoras Pantera Furiosa, Caratonha-sem-Dó e Bebe-sem-Sede, amigos e parentes do senhor Bicho-Papão e a senhora Tralha-Velha, instalarão brevemente máquina semelhante que será enviada às cidades das províncias e, eles mesmos, irão dirigir a execução. O baixo preço da correção dada pela máquina a vapor e seus surpreendentes efeitos levarão os pais a usá-la tanto quanto o exija o mau comportamento de seus filhos. Aceitam-se como internas crianças incorrigíveis, que são alimentadas a pão e água.


:: PARA REFLETIR ::
pensamento de Rodolfo Viana

Nessa altura da vida, você já deveria ter uma opinião formada sobre os antílopes.


:: PARA EMBRULHAR TILÁPIAS ::

Grandes momentos do jornalismo tupiniquim:
http://www.hortifruti.org/estado.htm



:: DIÁRIO OLÍMPICO ::
por Marcos "Edegar" Barbará

9 de agosto – 2:17 a.m.

Cerca de 4 bilhões de pessoas assistiram à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Pequim, dia 8 de agosto. Finda a cerimônia, não imagino quem, além de mim, resolveu impor-se a autoflagelação de assistir a partida entre Azza Besbes (Tunísia) e Jyoti Chetty (África do Sul), pela primeira rodada do torneio de Esgrima Sabre individual feminino. Como a audiência deve estar próxima do zero absoluto, sinto-me na responsabilidade de relatar detalhadamente a partida, o que segue: Chetty, talvez inspirada pelas suas origens zulus, começa o duelo atacando loucamente a tunisiana, fato que deixa o público com a impressão que está diante da grande favorita do torneio ou de uma grande idiota. A sul-africana abre 2x0 em menos de trinta segundos, e nem o sinal universal de calma transmitido pelo seu técnico é suficiente para encerrar seu ímpeto. Porém, Besbes faz 15 pontos seguidos, um deles após Chetty deixar cair sua arma, e vence por 15x2, findando os sonhos de glória da oponente.

10 de agosto – 8:27 p.m.


O pior pesadelo do narrador esportivo é, sem dúvida, a prova de Adestramento. São três longas horas nas quais “o importante é que o cavalo seja bem adestrado, não no sentido de estar adestrado, e sim no sentido de ser adestrado” (comentarista A). O interessante, neste esporte, é “estudar o olhar sereno do cavalo, conduzido em maestria pelo seu mestre e senhor” (comentarista B). É um bom momento para colocar as novidades em dia, atualizar o quadro de medalhas minuciosamente (o Tadjiquistão é a surpresa do judô feminino até o momento), e discorrer sobre a Vida, o Universo, e Tudo o Mais. “Nesse momento é fun-da-men-tal que o Animal e o Homem sejam um só, pois o trotar só se torna natural quando o conjunto une não só as mentes, como também os corações” (comentarista A, com o aval do comentarista B). Deixo a TV por alguns instantes para pesquisar se existe algum energético em garrafa PET de 2 litros.

12 de agosto – 7:33 a.m.

Natação. A primeira eliminatória da prova masculina de 100 metros em nado livre prometia fortes emoções, especialmente para os paramédicos locais. Dos três nadadores que disputavam a prova, apenas o libanês Sofyan El Gadi conseguiu subir no bloco de partida na primeira tentativa, o que o deixou em superioridade moral ante seus oponentes, o congolês Rony Bakale e o boliviano Miguel Navarro. Aparentemente a polêmica envolvendo os supermaiôs não chegou à Bolívia, que veste seu nadador com um calção de crochê. Após a pior largada de todos os tempos, os nadadores mostram o que a expressão “nado livre” significa. Líder nos primeiros 70 centímetros, Bakale executava uma espécie de nado lateral, como se apenas seu braço direito estivesse disposto a cooperar. Com movimentos similares aos de uma minhoca, Navarro assume a dianteira antes do primeiro metro da piscina, mas é ameaçado por El Gadi, ainda em júbilo pelo seu sucesso no bloco de partida. Os 49 metros seguintes exibem a luta do Homem contra as forças da natureza – em especial a força da gravidade e a força que nos faz pensar que não deveríamos sair da cama hoje. A câmera subaquática mostra o boliviano com sua técnica avançada de respiração submarina, como se tentasse extrair o oxigênio das moléculas da água. Bakale inverte a biomecânica do nado e faz com os braços os movimentos das pernas, e com as pernas os movimentos do abdômen.

Para os desavisados que não entenderam por que uma linha verde no sentido contrário cruzava a tela, o comentarista diverte-se explicando que “a linha do recorde mundial não seria ameaçada desta vez”. Na virada dos 50 metros, El Gadi enroscou-se em si mesmo e permitiu que os dois adversários o ultrapassassem, ainda que a técnica da virada de ambos não fosse usada desde a VII Olimpíada do Colégio de Santo Antão (Atibaia, 1949). Lado a lado, os três atletas disputavam os metros finais braçada a braçada, embora os braços fossem os elementos menos utilizados nesse momento. Era impossível arriscar qual seria o vencedor, ou mesmo se algum deles sobreviveria à prova. Nos instantes finais, o boliviano ultrapassa o libanês com sua técnica de boiar deixando a água o levar, mas não contava com o duplo twist carpado do congolês, suficiente para sua glória. Concluída essa prova épica, quando os três nadadores lograram os piores tempos de todas as eliminatórias, aumentei a dosagem de cafeína para agüentar o restante da vida.

15 de agosto – 00:02 a.m.

Após receber um reforço de extrato de guaraná por via intravenosa (500 mg), fui considerado clinicamente apto para suportar a madrugada de 15 de agosto, que prometia remeter-me aos grandes momentos da história da humanidade. Logo de início, a sensacional prova do Tiro Carabina 50m Deitado, uma clara alusão aos bons tempos da Guerra da Secessão, quando um bom homem podia pegar sua carabina, deitar no jardim e transformar em alvo qualquer coisa que se movesse a 50 metros de distância. Superada essa emoção extrema, iniciaram-se as regatas da Vela, talvez uma homenagem aos grandes navegadores, aos vikings e à Companhia das Índias Ocidentais. Antes que a madrugada terminasse, ainda houve tempo para uma bela disputa de Levantamento de Peso, onde heróis mitológicos como Hércules, Apolo e Schwarzenegger foram honrados em sua plenitude. Quando o relógio marcava 5:58 a.m., e a jornada pela história humana parecia completa, uma última caminhada pelos canais revelou uma jóia rara: Austrália e Taiwan, pela fase preliminar do Softbol. O desenrolar da partida me deixou com dificuldades em perceber qual evento da saga do Homem estava sendo homenageado, mas após Tzu-Hui Pan tropeçar no próprio taco, percebi que esta partida era o equivalente desportivo de Preta Gil interpretando Édipo Rei de Sófocles, uma pungente homenagem à tragédia.

 


COLABORAÇÕES

Nesta edição, as colaborações foram mesquinhamente apropriadas pela direção deste jornal.

"Para ser lido na maldita hora da noite em que tudo é engraçado -- logo após a hora em que nada faz sentido e antes daquela em que tudo faz sentido" (Stephanie Avari, a ex-moradora mais ilustre da rua Paulo da Silva Gordo)

## Você está recebendo !!Witzelsucht!! porque estava na mala direta. Ou então, ou então! Você está recebendo o !Rododendro! porque foi um dos 139 mil nomes escolhidos entre todos os possíveis, sorteados em uma grande urna chinesa. Você e o To Fu, que ganhou o direito de trazer um tufo de nenúfares e furar a fila (desculpe). Caso não queira voltar a receber este jornalzinho, mande um e-mail para hortalica@gmail.com e diga na linha de assunto: "Foi demais para Kudno Mojesic", mesmo que você não seja -- e nem planeje ser -- Kudno Mojesic.

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2005 Vanessa Barbara