A Hortaliça

www.hortifruti.org

Energia que dá gota
Edição #072, de 23 de abril de 2008.
Previne: dengue, tifo, bexigas, doença de São Guido, toxoplasmose e caspa

hortalica@gmail.com
A gordura sai e o sabor fica!

 

"Por outro lado, este é o meu fim (secreto): aturdir de tal modo o leitor que ele acabe ficando louco. Mas meu fim não será alcançado, por um motivo; o leitor não me lerá; vai pegar no sono logo no começo."
(de Flaubert a mme. Léonie Brainne)

 

EDITORIAL
 
<narração>

Que fim levou o agrião? Por que a verdura foi destronada pela rúcula? Quais são as polêmicas por trás da substituição de folhas tão populares,  quais são as forças que ditam a supremacia das saladas? Descubra agora, no Folho Repórter.


<sobe vinheta>
<imagens de populares no bandejão>

Desde os primórdios, o agrião é considerado "fonte de alegria" e "verdura inefável", entre outros adjetivos folhosos. Verde e rotundo, destaca-se na mesa do almoço, principalmente entre o alface <close> e o vinagrete.

Já na Idade Média, o agrião era muito benquisto. Utilizado como emplasto para combater o escorbuto, possui alto índice de vitamina C, além de ser bom para curar verrugas. Por que, então, ele sumiu da dieta do brasileiro? Como é possível reabilitá-lo?

O nutricionista Auspícios de Almeida, professor-titular do Departamento de Alimentação da Unifesp, diz que não sabe. "Nunca me fizeram uma pergunta tão estúpida", confirma. "Não faço a menor idéia." Já Bernardino de Campos, endocrinologista-chefe do Hospital das Clínicas e terapeuta holístico, tem muito a dizer sobre o tema. "Está claro que há uma conspiração do lobby pró-rúcula na mesa do brasileiro. A rúcula é uma hortaliça originada da região mediterrânea e há muitos interesses por trás de seu cultivo. Ela é chamada de mostarda persa. Vejam: mostarda persa. Isso já diz tudo."

No mundo de hoje, ninguém resiste a uma boa verdinha, mas onde foi parar o agrião? Nas ruas de Curitiba, o povo dá sua opinião.

<Ananda Gomes, fisioterapeuta> "Eu gosto de rúcula, né? Mas antes era agrião."
<Fídias Teles, publicitário> "O que é agrião? (risos) Eu não sei o que é, não."
<Lu Lopes, executivo> "Acho que ocorre é... bom, eu acho que não há espaço para verdura com jeito de velha. Ela já chega amarelada, né? O comensal não tolera mais isso."
<Soninha Jururu, professora da 1a série> "Hoje em dia é só rúcula. A criançada não quer saber de outra coisa. Acho que é da educação."

Estivemos no Centro de Pesquisas Avançadas de Morungaba, no interior de São Paulo, e fizemos testes com 15 variedades de folhas. Resultado: o agrião foi destronado pela rúcula, e houve dolo. <entra gráfico animado>

No prato do brasileiro, 35% do papel nutricional do agrião foi substituído por tubérculos
32,4% foi trocado por legumes frios
22% não sabe/não opinou
17% optou pela rúcula puxada na manteiga
Fonte: POPUM/Secret. Est. Amapá

E você, acha que houve má-fé? Por que o inhame não tem mais aceitação entre os patrícios? Há uma espécie de conspiração na pirâmide alimentar? Entre no nosso site e vote: www.hortifruti.org.

Após os comerciais: a rúcula no Pantanal. Três aventureiros buscam a folha numa aventura pra lá de perigosa. E mais: quinze dicas para manter o peso sem perder os rins.

<sobe vinheta>


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O Laboratório de Animais Transgênicos do CEDEME-UNIFESP oferece o serviço de produção de camundongos geneticamente modificados. O serviço inclui:

- microinjeção pronuclear de DNA em zigotos
- injeção de células-tronco modificadas em blastocistos

Informações:
allegro@biofis.epm.br
www.cedeme.epm.br/cedeme


:: RELÓGIOS E COUVES ::
de Histórias extraordinárias, E. A. Poe

Desde o começo de minha estada no burgo, tiveram eles várias reuniões especiais e adotaram estas três importantes resoluções:

"Que é errado alterar o bom e velho curso das coisas."
"Que nada existe de tolerável fora de Vondervotteimittiss.".
"Que juramos fidelidade aos nossos relógios e couves."


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:: AMOR DE TARDE ::
Mario Benedetti

É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são quatro
e termino a planilha e penso dez minutos
e estico as pernas como todas as tardes
e faço assim com os ombros para relaxar as costas
e estalo os dedos e arranco mentiras.

É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são cinco
e eu sou uma manivela que calcula juros
ou duas mãos que pulam sobre quarenta teclas
ou um ouvido que escuta como ladra o telefone
ou um tipo que faz números e lhes arranca verdades.

É uma pena você não estar comigo
quando olho o relógio e já são seis.

Você podia chegar de repente
e dizer "e aí?" e ficaríamos
eu com a mancha vermelha dos seus lábios
você com o risco azul do meu carbono.


:: NARRAÇÃO DE RÁDIO COLOMBIANA NA COPA DE 94 ::
contribuição de Marcos Barbará

"El balón lo tiene Stefan Effenberg, que buen jugador Stefan Effenberg... excelente Effenberg."

Y luego: "Señores, hay cambio en Alemania. Entra Stefan Effenberg."

Silencio incómodo.

Propaganda de harina de trigo Haz de Oros. "Rinde, rinde, rindeee que da gusto!"


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Para calopsita, papagaio, corrupião e outros pássaros
Geraldo Gambini Produções
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Contém: “Hino Nacional”, “Parabéns pra Você”, “Atirei o Pau no Gato”, “Ilariê”
Loja virtual Terra dos Pássaros
www.terradospassaros.com


:: OPORTUNIDADE PARA A FAMÍLIA ::

de Filme, Lillian Ross

A MGM oferece um bônus de cinco dólares para cada homem com uma boa barba.


:: OS ANIMAIS DOS PAÍSES QUENTES E DOS PAÍSES FRIOS ::
colaboração do barbante André Conti

Legenda: "O gorila, um gigante bom."

Legenda: "A morsa que atravessa o gelo precisa subir à tona, para respirar. [pausa] Aqui está ela, procurando conchas."

Pergunta: "Pode-se falar com os animais, como faz Tarzã?"

Pergunta: "Os animais selvagens são felizes?"

Pergunta: "O que fazem as morsas, quando o mar está gelado?"
Resposta: "Não se desanimam, nem um pouco."


:: SUÍNOS NÃO SÃO PORCOS ::
de Uma história social do lixo, Peter Burke

Em Siena (Itália), a municipalidade contratava porcos para manter as ruas mais ou menos limpas.

Na cidade relativamente pequena de Angers, pouco antes de o rei Luís XXI da França fazer uma visita oficial, foram retiradas nada menos que 109 carroças de dejetos, o que nos permite imaginar a aparência do lugar antes disso. Em Bordeaux, as pilhas de refugos fora dos portões da cidade eram tão altas que foram consideradas um perigo para a saúde e a segurança, já que ofereciam uma maneira de escalar as muralhas.


:: DRAGÃO POLIANO ::
de Bone, Jeff Smith

You can not make the difficulties of the world go away.
What else do you see?

[Você não pode fazer as dificuldades do mundo irem embora.
O que mais você vê?]


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:: EM ANEXO... ::
de Fama e anonimato, Gay Talese

Caro senhor,

Tomo a liberdade de lhe escrever de próprio punho porque a srta. Noble, da última vez que esteve aqui no escritório, levou consigo a máquina de escrever que eu usava para datilografar as minhas cartas. Quem sabe quando a srta. Noble passar aí na biblioteca, o senhor possa lhe perguntar se ela vai devolver a nossa máquina.

Em anexo, formulário para assinatura de nossa revista.

Cordialmente, J. P. C. Train.



:: CASAIS ARROJADOS - I ::
Annette Benning e Warren Beatty, Bugsy (1991)

Victoria: I gotta warn ya, every man I've ever gone out with has been ruined.
Bugsy: Well, that's what they get for messing with my girl.

[Victoria: Devo lembrá-lo de que todos os homens que saíram comigo se deram mal.
Bugsy: Bom, é o que eles ganham por mexer com a minha garota.]


:: CASAIS ARROJADOS - II ::

Audrey Hepburn e Cary Grant, Charada (1963)

Reggie Lampert: Do you know what's wrong with you?
Peter Joshua: No, what?
Reggie Lampert: Nothing!

[Reggie Lampert: Você sabe o que há de errado com você?
Peter Joshua: Não, o quê?
Reggie Lampert: Nada!]


:: CASAIS ARROJADOS - III ::
Shirley MacLaine e Jack Lemmon, The apartment (1960)

(Final scene. Another friendly game of gin rummy)
Fran Kubelik: (after shuffling the cards) Cut!
C.C.Baxter: I love you, Miss Kubelik.
Fran Kubelik: (Looking at her card) Three. (Looking at Buddy's card) Queen.
C.C.Baxter: Did you hear what I said, Miss Kubelik? I absolutely adore you.
Fran Kubelik: Shut up and deal.

[(Cena final. Outra partida amigável de gin rummy)
Frank Kubelik: (depois de embaralhar as cartas) Corte!
C.C.Baxter: Eu te amo, srta. Kubelik.
Frank Kubelik: (Olhando para sua carta) Três. (Olhando para a carta de Buddy) Rainha.
C.C.Baxter: Você ouviu o que eu disse, srta. Kubelik? Eu sou absolutamente louco por você.
Frank Kubelik: Cale a boca e dê as cartas.]



:: DAS NOSSAS FRUTÍFERAS LEITURAS ::
Revista Foco, Brasília, abr. 2007

O Detran tentou mexer na terceira pista da Ponte Costa e Silva, mas recuou. Na vinda de George Bush a Brasília, no ano passado, a Embaixada dos EUA passou orientações a centenas de americanos que vieram assessorar o presidente. No item relativo à Ponte Costa e Silva, o texto dizia: "A pista da direita vai em direção ao Plano Piloto. A pista da esquerda vem de volta ao Lago Sul. E a pista do meio leva você para o Céu".


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:: CARTA DO LEITOR ::
de Alexandre Praça, nosso homem na Bretanha

Excelentíssimos senhores,

Como um leitor assíduo de vosso hebdomadário, me senti quase compelido a notificá-los de uma recente charla ocorrida na Grã-Bretanha no último mês de outubro. O tradicional semanário Vox Própolis realizou um intrigante ping-pong com o eminente senhor Astilbe Piccioto, sênior Beefeater da Torre de Londres [conforme ilustração no fim deste jornal]. Tomei a liberdade de reproduzir o dito diálogo.

–Uma fruta?
–Ruibarbo*

–Uma flor?
–Pelargonio

–Uma planta?
–Rododendro

–Uma cor?
–Fuchsia

–Um idioma?
–Bengali

–Um esporte?
–Críquete

–Um carro?
–Ford Cortina

–Uma montanha?
Ben Nevis...

Naquele exato momento, o senhor Astilbe derrubou a raquete.

Cordialmente,
A.P.

*Por favor, note que no continente asiático se trata de uma leguminosa poligonácea.


:: AVISOS À COMUNIDADE ::

- Um leitor de identidade desconhecida mandou sua requisição para assinar este Almanaque, mas seu pedido caiu direto na pasta de Spams e foi descartado por nossa impiedosa secretária, antes que pudéssemos intervir. Por favor, manifeste-se novamente e ganhará um brinde especial do Ceagesp.

- E mais: apesar do descrédito de alguns leitores, esta edição foi finalmente encontrada e é um oferecimento de Rolf, o Cão que Acha Coisas.



:: ALMANAQUE SECRETO DA FILOSOFIA E DO ESPORTE ::
por Marcos "Irmão" Barbará, publicado originalmente na Revista Pesquisa, set. 2007


    parte um: Filósofos-não-tão-filósofos

Polículo era um cidadão fidalgo e refinado, mesmo nos dias de chuva. Foi o primeiro antigo a amarrar as sandálias nas pernas, ainda que tenha amarrado as sandálias umas nas outras e pisado nos cadarços.

O grande momento da vida de Flatão (319-265 a.C.) foi quando o grande legislador Sólon, constipado, chamou Platão de Flatão, alçando este último à fama repentina e criando a efêmera escola Flatônica.

Brotágoras de Mileto acreditava que era sofista e, mesmo tendo nascido em 1981, fazia questão de pegar todos os dias o coletivo 701-U Jaçanã–Butantã/USP vestido como um ateniense orgulhoso, proclamando em voz alta: “A experiência ensina que para triunfar no mundo não é mister justiça e retidão, mas prudência e habilidade”, ao mesmo tempo que murmurava palavras incompreensíveis, alternadas com  “Sócrates” e “maldito barbudo”.

Monógoras descobriu que a matéria era formada de pequenas partes, que por sua vez eram formadas por partes menores ainda, e assim por diante. A menor de todas as partes ele chamou de “minhoca”. Decidiu apresentar sua descoberta na feira de ciências de sua escola ptolomaica, mas perdeu o prêmio máximo para Demócrito, que copiou totalmente seu trabalho, mas mudou o nome das pequenas partes para “átomos” e distribuiu balinhas de coco aos visitantes.

Hermeto era, provavelmente, a pessoa mais sábia de toda Tebas. Porém, sua tremenda dificuldade em ficar mais do que trinta segundos em uma sauna causou grande isolamento social, especialmente porque ele nunca conseguia ouvir uma piada de Xerxes até o final.

Penóprates (447-398 a.C.) era orador, mas seu sonho era ser técnico em informática.

Érmio de Platéia foi grande atleta em seu tempo, sobretudo nas provas de soletrar, as que mais agradavam os deuses na época. O célebre embate entre Érmio e Eustáquio de Átila foi interrompido por falta de segurança após Érmio soletrar “Mãe Edite, sua calvície molestou o otomano!”, em vez de “Mas Alice, eu já disse que não sou mitômano!”, e em seguida alegar falha no sistema de som, causando tumulto de grandes proporções.

parte dois: Atletas não-tão-atletas
Jogos Olímpicos, 776 a.C.

“Os corredores já partiram! A torcida entra em delírio! Mas que competição, patrícios e patrícias! Aquiles, o favorito, tomou a dianteira, mas... espere um segundo! Ele parece demorar uma infinidade de tempo a correr o primeiro metro, como se o movimento fosse de algum modo impossível!”
Na tribuna da plebe, Zenão divaga: “Não acredito que comprei bilhete para isto”.

Estocolmo, 1912

Sob um frio de -5°ßC, o húngaro Fèrènc Çzabosz enfrenta o dinamarquês Zork Zjork pela disputa do ouro no joquempô, categoria freestyle.

No primeiro lançamento, Zjork, apoiado pela torcida dinamarquesa em maior número, escolhe “pedra”, ante o atônito húngaro, que nada pode fazer com sua “tesoura”. Çzabosz, visivelmente nervoso, é agredido pelo treinador, enquanto Zjork leva as mãos em concha à orelha, como que pedindo para a massa gritar seu nome. Isso faz com que a torcida local dispare uma série de apupos contra o atleta dinamarquês, colocando-se ao lado do húngaro. O fato animou Fèrènc, que, no segundo arremesso, desferiu a “tesoura”, minando os planos de Zjork com seu “papel”.

Empatados em um, foram para o set derradeiro com enorme tensão. E nenhum torcedor, por mais doente que fosse, poderia imaginar o que viria a seguir: uma fuinha decidiria o ouro. Ao sinal do árbitro, os dois oponentes se preparavam para o lançamento final, quando uma fuinha atravessou o gramado*. Desnorteado, o dinamarquês escolheu “pedra”, sendo alvejado pelo “papel” do húngaro, que, em êxtase, começou a correr em volta de seu cotovelo. Zork Zjork, em vão, tentou invalidar o lance alegando invasão de gramado, porém seu recurso não foi aceito, iniciando uma confusão que não acabaria antes de Antuérpia, 1920.

*Até 1952, o joquempô olímpico era disputado na grama.

Amsterdã, 1928

A competição de Tiro ao Pato era o momento mais aguardado das olimpíadas, devido ao esperado embate entre dois monstros sagrados do esporte. De um lado, o paquistanês Mahutah Singh, único atleta da história a vencer um mundial de Tiro ao Pato atirando-se ao pato (ver “Mundial de Tiro ao Pato, Glasgow 1926”). Do outro, o não menos popular Mohutah Singh, da Índia, que certa vez matou um alvo-pato apenas olhando para ele e fazendo tremenda força.

Como esperado, os oponentes não erraram nenhum alvo na fase eliminatória, levando ao delírio os mais de 162 mil espectadores que superlotavam o estádio olímpico, com capacidade para 25 mil pessoas. Ainda no primeiro lance, Mahutah atingiu os dez alvos-patos enquanto discutia com seu agente as confusas cláusulas de seu contrato; Mohutah, por sua vez, acertou os dez patos com um único tiro, disparado no breve intervalo entre um cochilo e outro.

Depois de 174 rodadas e nenhum erro por parte dos gênios do esporte, a organização informou que todos os patos do continente europeu estavam extintos, restando apenas um. Decidiu-se por fazer os competidores atirarem simultaneamente, e aquele que atingisse primeiro o pato seria o campeão. Segundos antes do lançamento da ave, o público inclinou-se para a frente de modo a não perder nenhum detalhe da História sendo escrita. Porém, o mundo não esperava que o torcedor curvo Rítias, possuidor de escoliose, estivesse inclinado exatamente na linha de tiro, fato que impossibilitou o disparo dos atletas e permitiu ao pato seguir seu caminho rumo à liberdade.

Mahutah Singh e Mohutah Singh começaram a atirar a esmo em qualquer coisa que parecesse remotamente com um pato, alvejando e matando o arquiduque Francisco Ferdinando Filho; o incidente gerou um conflito bélico entre Índia e Paquistão que persiste até os dias atuais.

Helsinki, 1952

Faltando dezoito metros para o final da maratona, exatos 174 atletas estavam empatados em primeiro lugar, todos espremidos ombro a ombro. Eis que surge o ruivo Crítias e, em uma arrancada digna de um herói mitológico, ultrapassa cada um dos competidores e vence. Mas sua glória é efêmera, pois os árbitros anunciam que o ruivo Crítias está eliminado por ter participado da prova somente nos últimos vinte metros e por estar totalmente nu.

Corrida do Queijo de Gloucester, 1964

A célebre contenda de 1964 é, até hoje, motivo de discussões acaloradas e regadas a destilados. Há aqueles que se solidarizam com Harry Truman, não só por ele ser homônimo do presidente americano, mas também por ele não ter largado do queijo mesmo seis dias após a Corrida. Do outro lado, estão os partidários de Zenk Skifalver, o Austríaco, que demonstrou força física e de espírito incompatíveis para seu 1,41m.

Mesmo os dois tendo rolado 33 metros com o queijo entre eles, cada qual se agarrando ao lactoso à sua maneira, a rainha declarou como vencedor um simpático coelhinho, gerando uma batalha campal entre o público e a família real.


EXPEDIENTE


Direção, roteiro e figurino: Bem Verão Produções Improváveis.

Participação especial: André Conti, a melhor coisa desde a prateleira para temperos.


"Para ser lido na maldita hora da noite em que tudo é engraçado -- logo após a hora em que nada faz sentido e antes daquela em que tudo faz sentido" (Stephanie Avari, que realmente mora na rua Paulo da Silva Gordo)

## Você está recebendo !!Witzelsucht!! porque estava na mala direta. Ou então, ou então! Você está recebendo o !Rododendro! porque foi um dos 139 mil nomes escolhidos entre todos os possíveis, sorteados em uma grande urna chinesa. Você e o To Fu, que ganhou o direito de trazer um tufo de nenúfares e furar a fila (desculpe). Caso não queira voltar a receber este jornalzinho, mande um e-mail para hortalica@gmail.com e diga na linha de assunto: "Foi demais para Kudno Mojesic", mesmo que você não seja -- e nem planeje ser -- Kudno Mojesic.

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God is coming.
Look busy.



2005 Vanessa Barbara