Chega de hipnose no ônibus

Postado em: 1st outubro 2012 por Vanessa Barbara em Crônicas, Folha de S. Paulo, TV
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Folha de S.Paulo – Ilustrada
1 de outubro de 2012

por Vanessa Barbara

Não há dúvida de que os monitores de tevê acoplados aos ônibus, do tipo BusTV, BusMedia e TVO, servem a um eficaz (e astuto) plano da SPTrans para nos endoidar.

As mesmas propagandas e resumos de novelas repetidos à exaustão, três ou quatro vezes numa só viagem, são o que basta para o cidadão equilibrado, honesto e ciente de seus deveres se arremessar pela janela pedindo penico.

Servem sobretudo para exaurir o passageiro e habituá-lo à programação dos patrocinadores – a Globo, por exemplo, reina soberana nos monitores da BusMedia –, mesmo quando se trata de uma notícia de telejornal. (Nada se salva ao ser repetido pela quinta vez.)

Isso sem falar na propaganda. Em 2008, a SPTrans recebia o equivalente a 7 tarifas por anúncio veiculado em cada ônibus. Ano passado, aprovou-se uma nova portaria com um valor fixo por ônibus que varia de 80 a 140 reais mensais, conforme a quantidade de carros com monitores. Não há nenhum artigo dispondo sobre o repasse dessa receita.

Prezados administradores da SPTrans: se a questão é falta do que fazer, aqui vão sugestões.

Primeiro, substituir os monitores de tevê por monitores informando a próxima parada e a estimativa de chegada ao destino, como nos coletivos de Londres e Paris.

Painéis na parede detalhariam o percurso da linha, com nomes de identificação relativos a cada ponto de parada. Isso evita que o cobrador tenha que gritar: “BergaMais é o próximo” ou “Metrô Santa Cecília, Santa Casa, Rua das Palmeiras: é pra descer aqui”.

Atenção: não adianta tentar lucrar, batizando a parada “Nove de Julho” de “Chamyto Com Cinco Vitaminas e Ferro”. Os nomes devem facilitar a localização do usuário.

Nesse caso, seria bom se todos os pontos divulgassem seus nomes no topo. Atualmente, nem vemos mais painéis indicando as linhas atendidas por aquela parada – o vendedor de balas e o jornaleiro é que se responsabilizam pelas informações.

Um segundo painel relacionaria as localidades atendidas pelos pontos das proximidades. Se o sujeito mora no Tremembé e está nos Jardins, procuraria “Santana” na lista e rumaria ao local onde passa o 106-A, a três ruas dali, no ponto identificado como “Oscar Freire”.

Como já existe em certos corredores, um painel eletrônico divulgaria o tempo de espera dos ônibus.

Só não adianta deixar ligados os monitores de propaganda compulsória, para prejuízo mental das vítimas. Digo, passageiros.

  1. Luiz Felicio disse:

    http://poemasnoonibus.blogspot.com.br/
    Simples, limpo, silencioso, lúdico, prazeiroso, emocionante e….
     

  2. Daniel Almeida disse:

    Certa vez encontrei um desses monitores que apenas exibia cores: vermelho, branco, verde, preto e azul. Por causa do ritmo da troca, adquiri o cacoete de piscar os olhos no mesmo ritmo. Ainda enxergo as cores. Daniel Almeida.