Nos episódios anteriores…

Postado em: 28th novembro 2011 por Vanessa Barbara em Crônicas, Folha de S. Paulo, TV
Tags: , ,

Folha de S. Paulo – Ilustrada
28 de novembro de 2001

por Vanessa Barbara

Nos últimos capítulos desta coluna, falamos de 79 assuntos dos mais disparatados, como a concordância gramatical em novelas, os canais de televendas, a TV Senado, os chimpanzés cineastas, Ronnie Von, zumbis e o BBB.

É com grande júbilo que entramos agora no episódio 1×80, intitulado “Recapitulação”. Aos leitores mais ordeiros, que acompanharam esta série desde o início, esperamos que ela faça sentido como um todo, até porque não garantimos que todos os mistérios serão explicados no final – somos desses roteiristas que não sabem para onde vão, confundem-se o tempo inteiro e, se bobear, nossa verba é cortada e teremos de dizer que eles estavam todos mortos (desde o começo).

Nas séries de TV, a recapitulação inicial é um elemento narrativo que visa inteirar o espectador dos últimos eventos da trama, sobretudo os que terão relevância logo a seguir. A colagem de cenas tem a duração média de 20 a 40 segundos, mas nem sempre: a de “Lost” (“Previously on Lost”) podia exceder 1 minuto e era bem atordoante.

Mas existem maiores: as de “24 horas” eram longas, atabalhoadas e duravam 2 minutos e meio; o mesmo acontece até hoje em “True Blood” e “Dexter”. Esta última destaca-se pelos resumos quase em tempo real dos capítulos anteriores – como o mapa de Borges que possuía a proporção de um para um, o mesmo tamanho da província cartografada, com a qual coincidia ponto a ponto.

Intitulado “Pai Nosso”, o episódio 3×01 tem uma recapitulação recorde de 4 minutos e 16 segundos. Fala-se de temporadas há muito esquecidas, da infância de Dexter, de seus últimos homicídios, da criação do Universo, da evolução das espécies e de Funes, o Memorioso.

Já os resumos de “Lost” e “Fringe” são apenas um pálido vislumbre do contorcionismo de suas tramas. Quem perde uma ou duas semanas pode se deparar sem aviso com um universo paralelo adicional e um irmão gêmeo malévolo que é a mesma coisa, só que ruivo, e quem ficava uns meses sem assistir “Lost” reagia ao “recap” com uma expressão de angústia que até dava pena.

Segundo um dos criadores da série, Damon Lindelof, o propósito de toda recapitulação é atender às necessidades daquele sujeito cuja esposa acaba de chegar e pede pra saber do que se trata o programa – e ele precisa dizer em 30 segundos. “O avião cai na ilha e depois disso eu me perdi. Mas tem a ver com ciborgues.”

  1. Arthur disse:

    Você via/curtia Lost?

    Se tivesse uma tag “Lost”, certeza que eu lia tudo, como fiz com a do Dexter.