Folha de S. Paulo – Ilustrada
Especial 35a. Mostra de Cinema de São Paulo

31 de outubro de 2011

por Vanessa Barbara

Peronsagens da vida real ilustram as letras do cancioneiro brega em "Vou Rifar Meu Coração"

A sala inteira fungava ao término de “As Canções”, documentário de Eduardo Coutinho que estreou quinta-feira no Unibanco Arteplex. No filme, 42 populares cantam uma música de grande valor afetivo, relembrando histórias de amores perdidos, tragédias sentimentais e traições jamais esquecidas.

Foram poucos os que escaparam de sair com os olhos vermelhos, limpando as mágoas na manga.

Pouco antes, também se ouviram soluços em “Vou Rifar Meu Coração”, de Ana Rieper, embora mesclados a risadas histéricas.

O grande momento desse documentário sobre música brega foi o depoimento de Osmar, que se sente desafortunado por ter que administrar duas mulheres e duas famílias, a da “matriz” e a da “filial”. Seus filhos: Osmarilda, Osmarilson, Osmarilsa…

Um filme que não teve recepção tão calorosa foi o russo “Khrustalyov, Meu Carro!”, que ejetou hordas de espectadores insatisfeitos à rua. Um senhor se queixou da escatologia do filme, “cheio de gente arrotando”, e disse que muita gente saiu na metade. “E aparecia carro?”, perguntou uma amiga. “Muitos. Mas o que tinha mais era cena de puteiro, cuspe, gente batendo na cara.”

Mais que isso não pude ouvir, pois atrás de nós materializou-se uma garota pomposa que falava alto e usava termos como “psiquê brasileira”, obliterando com sua sabedoria todas as nossas impressões sobre o bravo Osmarilson.

Mas o melhor comentário se deu no sábado, quando um sujeito explicou à namorada: “No fim, o cara virou hipopótamo. Porque ele estava de saco cheio. Entendeu?”.