O gravador digital

Postado em: 24th abril 2011 por Vanessa Barbara em Crônicas, Folha de S. Paulo, TV
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Depois da penicilina, da internet e do descascador de legumes, o gravador digital de vídeo (DVR) é a maior invenção do homem. É como um videocassete, mas não precisa de fita (o conteúdo é armazenado no disco rígido) e nem de um PhD em física para agendar as gravações.

Digo isso com a experiência de quem ganhou do pai um videocassete de consórcio, na década de 80, e pouco depois já dominava a tela de configurações.

Foram dezenas de fitas gravadas com episódios de “Animaniacs”, filmes em duas partes, o piloto de “A Gata e o Rato” e a abertura das Olimpíadas de 1992. Mais tarde, passei a estudar a relação mensal de filmes da TV a cabo, um catálogo com 1500 títulos que eu selecionava para deixar gravando.

Isso sem contar o ano de 1999, em que registrei todos os episódios do “Vestibulando” e chorei no final. Algumas fitas foram tão regravadas que havia uma camada grossa e muito tóxica de corretivo líquido no rótulo de identificação.
Com o DVR, tudo ficou mais prático. O pioneiro foi o americano TiVo, cuja novidade era detectar e excluir os comerciais. Tais aparelhos têm capacidade para 100 horas de conteúdo e funções como replay, pausa e gravação simultânea.

Possuem um guia eletrônico que dispensa cálculos mais rebuscados, como programar um filme de 188 minutos que começa às 2h15 P.M. com uma folga antes e depois, devendo ser gravado no canal 3 com o receptor ligado no 61 e o formato SLP, pra não comer muita fita.

No DVR, basta escolher o canal e selecionar o item desejado. É possível efetuar buscas por título, ator ou diretor, e agendar a gravação de episódios múltiplos.
Só falta exigir mais precisão das emissoras, sobretudo as abertas, que não respeitam as próprias grades. Num teste aleatório, só o SBT e a Gazeta foram rigorosos, possibilitando a gravação integral de “Chapolim” e “Estação Pet”.

A novela da Globo foi cortada no final (“Insensato Coração”), assim como a da Record, “Rebelde”. O “Liang Gong” da Cultura foi interrompido no ápice.

A Band exibiu o “CQC” com 15 minutos de atraso, e a RedeTV! fez o mesmo com “Dr. Hollywood”. Este foi cortado bem na hora em que uma moça mostrava o resultado de sua plástica e dizia: “vou tentar surfar com os meus novos seios”.