Miolos! Miolos!

Postado em: 12th dezembro 2010 por Vanessa Barbara em Crônicas, Folha de S. Paulo, TV
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Com muita flechada no olho e crânios trucidados por picaretas, terminou esta semana a primeira temporada da série americana “The Walking Dead” (Fox, ter. às 22h). O roteiro é baseado nos quadrinhos de Robert Kirkman e versa sobre o apocalipse zumbi.

Havia grande expectativa em torno da atração, já que os seis primeiros episódios foram adaptados para a TV pelo cineasta Frank Darabont (“Um sonho de liberdade”), que também dirigiu o piloto de 90 minutos de duração.

Além disso, no Brasil, a Fox se comprometeu a exibir os episódios inéditos com apenas dois dias de atraso, mas, talvez para compensar o excesso de zelo e respeito ao espectador, resolveu cortar 12 minutos do original.

A história fala de um grupo de pessoas que sobreviveu ao holocausto zumbi, quando o mundo foi infestado por esses seres putrefatos e sedentos de carne humana. Ao longo da trama, os protagonistas lidam com seus dramas pessoais e tentam resistir aos ataques dessa gente desagradável sem tronco ou nariz.

A série tem uma fotografia digna de cinema, massacres divertidos e cenas impressionantes: de cara, um policial de chapéu entra na cidade a cavalo, de forma quase apoteótica, não fosse pela horda de presuntos prestes a emboscá-lo.

Aqui e ali, há grandes achados, como o entregador de pizzas que é também um estrategista nato, a inesperada intervenção de uma avó e, por fim, o asilo que vira bunker da resistência.

Alguns diálogos e caracterizações fracas atrapalham, bem como as semelhanças com a série “Lost”. Exemplos: as cenas de sobrevivência na selva, a trilha sonora pontuando expedições desesperadas e os vídeos caseiros de um homem misterioso dentro de uma instalação programada para explodir.

Em “The Walking Dead”, que até agora é mediana, falta uma coisa: amor zumbi.

Falta promover uma temporada só de mortos-vivos, centrada nos dilemas éticos da horda, no cotidiano do Zumbi do Posto de Gasolina, nas trapalhadas da menina sem tronco. Falta investir em números musicais com dançarinos defuntos ou em dramas de tribunal envolvendo vilões necrófilos.

Um “CSI” de zumbis, um “Gilmore Girls” com gente finada e um programa de culinária só para amantes de miolos. A conferir.