Este ainda não é o meu cachecol

Postado em: 6th junho 2010 por Vanessa Barbara em Crônicas, Folha de S. Paulo, TV
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Álvaro Garnero, 42 anos, apresentador e multimilionário, já apareceu em rede nacional untado em óleo de oliva e vestindo calça de couro, durante uma luta turca. Já cavalgou no mar da Jamaica, socializou com velhos bérberes do monte Atlas, comeu frutas secas em Damasco, tomou banho com elefantes na Malásia, andou de quadriciclo e pagou os maiores micos da televisão brasileira, sem ligar a mínima.

No sábado passado, foi ao ar o último episódio desta temporada de “50 por 1” (Record), inteiramente dedicada a viagens pelo Brasil. Foi quando o carismático e alaranjado Álvaro Garnero mostrou-se em sua melhor forma,  interagindo com o povo simples e sorrindo mais do que permitia a força humana.

Em São Paulo, aprendeu a rolar de uma escada e ateou fogo no próprio braço, durante um curso para dublês. Em Alagoas, visitou o peixe-boi Aldo. Em Joinville, vestiu colã e tentou acompanhar uma aula de balé. Uma de suas frases mais proferidas nesta temporada: “Você só escuta o pessoal rindo por todos os lados. É um negócio inacreditável”.

Tudo isso pontuado pela participação do narrador, Mario Chamie, poeta e membro da Academia Paulista de Letras. Em off, ele fornece dados históricos sobre as localidades, bem como informações gerais e adendos sarcásticos. A certa altura, reflete: “Quem não é um eterno iniciante nas grandes lições da vida?”.

Corta para Álvaro de cachecol.

No último episódio, em Porto Alegre, o apresentador trocou de adereço cervical três ou quatro vezes. Vestiu coletes modernos e postulou: “Não existe gaúcho sem cavalo”, numa frase que entrará para a história da atração. Álvaro dançou o “copérnico”, nitidamente confuso entre a dupla de cantores Hique e Nico, do Tangos & Tragédias. Emitiu inúmeras vezes seu famoso bordão: “Mas esta ainda não é a minha Porto Alegre”. Bateu com o remo na própria cabeça e caiu sem querer na água, usando um maiô azul de corpo inteiro. Vestiu bombachas. Jogou punhobol e exclamou a clássica: “Gente, vocês não têm noção”, para gáudio dos telespectadores do programa, um dos mais involuntariamente divertidos da tevê aberta.

Por fim, concluiu: “Observar a doma de um potro é um aprendizado. Esta é a minha Porto Alegre”.