Terra Tecnologia
1 de outubro de 2008

Enquanto que para algumas pessoas vinte e poucos anos ainda é muito cedo para se lançar em uma carreira literária, para outros a idade é mais do que propícia. Que o digam os jovens escritores da “geração Internet”, que, sem se deixar levar pela dúvida e pela apreensão, entraram no mundo dos livros e agora começam a desfrutar o reconhecimento. Conheça algumas das novas caras da literatura brasileira e veja dicas para escrever boas histórias.

Geralmente o gosto por histórias e livros dos jovens escritores vem desde criança, como no caso do paulistano Emilio Fraia, 26 anos, co-autor de ‘O Verão do Chibo’ (ed. Alfaguara, 2008) ao lado da escritora e jornalista Vanessa Bárbara. “Aos 7 anos, escrevi meu primeiro livro, sobre uma rena motorizada. Foi uma edição familiar: foi feito na máquina de escrever do meu pai e grampeado pela minha mãe, numa tiragem de dois exemplares”, brinca Fraia, cujo atual projeto é uma graphic novel em parceria com o desenhista curitibano DW.

Apesar de poder parecer cedo para se começar uma carreira de escritor, para Vanessa, 26 anos, que, além de ‘O Verão do Chibo’ também tem no currículo ‘O Livro Amarelo do Terminal’ (ed. Cosac Naify, 2008), sobre o Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo, a idade é uma questão relativa e depende muito do espírito do autor.

“Tenho 26 anos, mas a mentalidade é de 80, o que me classifica como a mais idosa das escritoras”, explica Vanessa. “A parte boa é que meu período de terceira idade deve durar ainda uns cinqüenta anos, portanto poderei publicar livros sobre todos os assuntos que quiser’, conclui a jovem autora.

A gaúcha Carol Bensimon, 26 anos, autora de ‘Pó de Parede’ (ed. Não Editora, 2008), também acredita que estreou na hora certa. “Até acho que demorei. Quer dizer, tenho 26 anos e isso pode parecer cedo, mas eu já estava escrevendo com alguma seriedade desde os 20. Nesse meio tempo, ganhei uns concursos literários, publiquei contos em revistas e jornais, mas ainda não me sentia no ponto para uma estréia. Além do mais, eu não queria simplesmente pegar um monte de histórias e colocar num livro, queria que o conjunto de textos fizesse algum sentido”, explica Carol, que atualmente trabalha na sua segunda obra, ‘Sinuca Embaixo D’Água’.

Além da idade, muito desses escritores têm em comum a influência de certos autores renomados da literatura mundial. Gustave Flaubert, J. D. Salinger, Franz Kafka, Julio Cortázar, Jorge Luis Borges, Edgar Allan Poe, Miguel de Cervantes, Ernest Hemingway e F. Scott Fitzgerald são alguns dos nomes mais citados nas listas de favoritos dos jovens escritores. Cinema, artes e música também servem de referência para esses autores, como é o caso da poetisa carioca Bruna Beber, 24 anos, que cita Beatles, Roberto Carlos, Tim Maia, Bob Dylan e Neil Young como algumas das principais influências na sua formação.

Bruna publicou seu livro de estréia ‘A Fila Sem Fim dos Demônios Descontentes’, em 2006, pela editora 7 Letras, e planeja o lançamento de seu segundo livro, ‘Balés’, para o ano que vem. Para a carioca, a Internet ajudou muito a divulgar o trabalho de escritores jovens.

“A gente tem mais espaço do que tinham nos anos 70, por exemplo, quando os mimeógrafos foram um grande meio pra que a poesia circulasse. Mas a Internet abriu um espaço maior ainda, e a minha geração apareceu por meio da Internet e soube usá-la da melhor maneira”, explica Bruna.

A autora acredita que publicar seu trabalho é a melhor atitude que um jovem escritor pode tomar. “A partir do momento que você percebe que tem um livro, mesmo que venha saber mais tarde que não estava na hora, você deve publicar, fazer com que as palavras circulem. É um risco abrir a gaveta pela primeira vez, mas também não é uma prova de fogo, é só o começo”, aconselha. “Os erros aparecem, é normal, mas você corrige com o tempo”, conclui Bruna, dando uma dica a todos aqueles que desejam ingressar no mundo da literatura.